Um pedreiro cansado (Parte 2)
Na anamnese inicial, na primeira consulta na clínica de
geriatria, o médico pediu ao Sr. AF que descrevesse melhor o sintoma ao qual
ele referia como cansaço: parecia mais uma falta de ar ou uma falta de energia?
Ele disse que sentia falta de ar, de intensidade moderada, até mesmo para
caminhar no plano. Era ainda mais intensa para executar os pequenos serviços aos
quais ele antes estava habituado. Ficou claro também que a dispneia havia
surgido subitamente, de um dia para o outro, há 2 meses.
Ao exame, o médico observou que o pulso era bastante
irregular, com alternância da amplitude pulso. Foi difícil medir a pressão
arterial, pois em cada uma das três tentativas, as medidas foram diferentes. A
frequencia cardíaca também estava difícil de medir, mas era aproximadamente 120
bpm. A frequencia de pulso, curiosamente, era menor: 100 bpm. Ao examinar as
jugulares, só era possível observar a onda V
(e não a onda A). Na ausculta cardíaca, as bulhas eram bastante arrítmicas, com
a fonese muito variável.
O médico suspeitou de fibrilação atrial com resposta ventricular alta como causa da dispneia iniciada há
2 meses, o que foi confirmado na mesma hora por um eletrocardiograma.
Além do anticoagulante, o paciente começou a utilizar um
betabloqueador, para reduzir a frequencia cardíaca. Desde então, a dispneia
desapareceu, e o Sr. AF voltou a trabalhar normalmente.
Então, nunca se esqueça: a queixa de cansaço pode se referir
à falta de energia ou à dispneia; envelhecimento não provoca cansaço; e o exame
físico é sempre fundamental. Pelo menos se você quiser acertar o diagnóstico.
Você consegue explicar alguns achados do exame físico?
Sabe a razão da utilização do anticoagulante?
Sabe explicar o motivo da melhora da dispneia?