Trocando fraldas por meias; depois por tênis! (Parte 1)
A senhora AD, 72 anos, veio consultar-se em março de 2016
com queixa de incontinência urinária. Trata-se de uma professora de biologia
aposentada, viúva há nove anos, que reside no Bairro Milionários, em Belo Horizonte.
Durante o dia a paciente não tinha problemas; ia ao banheiro
antes de ficar muito apertada para urinar, e assim conseguia evitar a perda. Durante
a noite, entretanto, já precisava usar fraldas há mais de dois anos. Segundo
ela, depois de meia-noite, tinha vontade de urinar muitas vezes e nem dava
tempo de chegar ao banheiro: já urinava no caminho do banheiro e ficava toda
molhada. Então desistiu e começou a dormir de fraldas (que estavam sempre
encharcadas, quase vazando pela manhã).
Na consulta, durante a revisão dos sistemas, o aluno anotou
alguns outros problemas: constipação intestinal crônica, insuficiência venosa
com muitas varizes, hipertensão arterial (tratada com atenolol 50 mg de manhã e
anlodipino 10 mg à noite), sedentarismo e osteoartrose leve dos joelhos.
No exame físico, além dos achados relacionados aos problemas
detectados na consulta, o aluno encontrou uma provável ceratose actínica na
face, edema moderado de membros inferiores, sopro sistólico leve no foco
mitral, poucas atelectasias nas bases pulmonares e acentuação da cifose
torácica.
Considerando os dados (e o título!!!) deste caso clínico, na
sua opinião quais seriam as causas da incontinência urinária? Como poderia ser
a abordagem? Já adianto: em 30 dias a senhora AD já não utilizava fraldas para
dormir de noite.