Trocando fraldas por meias; depois por tênis! (Parte 2)
O professor e os alunos suspeitaram que a incontinência
urinária poderia ter várias causas associadas – como é muito comum em idosos. A
insuficiência venosa e o anlodipino provocavam edema de membros
inferiores. O edema se acumulava de dia durante o ortostatismo, e era
reabsorvido de noite. Com o aumento do volume intravascular, aumentava também o
ritmo de filtração glomerular, e consequentemente o volume urinário. Com algum
grau de instabilidade do detrusor, mesmo sem um volume vesical muito
elevado ela sentia um desejo imperioso de urinar. Levantava da cama e tentava
ir rapidamente ao banheiro; mas a artrose do joelho a impedia de correr. Então
ela urinava no caminho.
Com a orientação do professor, o aluno recomendou à paciente
que passasse a calçar uma meia elástica, tamanho ¾ (até o tornozelo), de
média compressão, logo ao acordar de manhã, antes mesmo de sair da cama. Ela
deveria passar o dia inteiro com a meia (evitando a formação do edema) e
poderia retirar de noite, antes do banho. Ele também iniciou losartana 50 mg de
manhã, passou o atenolol da manhã para a noite e suspendeu o anlodipino.
Prescreveram também fisioterapia para melhorar a força e flexibilidade de MMII
e para reduzir a dor dos joelhos. Com a redução da dor ela passou a fazer
caminhadas, o que fortaleceu ainda mais musculatura dos MMII e melhorou o
retorno venoso. Na fisioterapia aprendeu também a fazer os Exercícios de Kegel, para fortalecimento do músculo pubococcígeo;
quando a vontade de urinar apertava, ela contraía o músculo ("segurando"
a micção) e conseguia os segundos adicionais necessários para chegar ao banheiro.
Com estas medidas, o edema desapareceu, bem como a nocturia
e a incontinência urinária de urgência da noite. Alguns meses depois a paciente
foi submetida à cirurgia para tratamento da insuficiência venosa, e pôde deixar
de usar até mesmo a meia elástica. Na sua ultima avaliação, calçava um belo par
de tênis de caminhada que havia ganhado de aniversário.