Uma estudante com crises de *cefaleia nos primeiros dias de menstruação.

Aluno colaborador: THL
CVJ, estudante, 23 anos, veio se consultar por ter apresentado pela 8ª vez em dois anos quadro de cefaléia que a impede de estudar.
A cefaléia é intensa como das outras vezes, unilateral, pulsátil, inicia-se em cerca de 5 minutos, atinge seu ápice em 40 minutos, dura 4 horas e termina lentamente. Com o passar dos meses a intensidade da dor não tem aumentado. CVJ percebeu, no entanto, que a dor sempre piora nos primeiros dias da menstruação, mas não obedece horários. Por outro lado, a dor não piora ao abaixar a cabeça, tossir ou espirrar. Os episódios não melhoram com analgésicos comuns (paracetamol, dipirona); somente com medicamentos mais fortes, com ergotamina (que ela usa raramente).
Embora a dor não tenha um horário específico para começar, CVJ já reconhece sintomas que antecedem a cefaléia (fadiga, bocejos por umas duas horas). Durante os episódios apresenta náuseas e vômitos e sente-se mais confortável ao deitar em um quarto escuro e silencioso.
Uma vez percebeu que estava perdendo a visão do olho esquerdo, com o surgimento de “luzes brancas piscando” meia-hora antes do início da dor, mas não há relato de outros déficits neurológicos como confusão mental, alterações do nível de consciência, do equilíbrio, da marcha ou paresias dos membros.
Ela não sofreu nenhum traumatismo craniano recente, já mediu várias vezes a pressão arterial (sempre normal) e não tem comportamento de risco para infecção por HIV. Sua mãe já lhe disse que são crises de enxaqueca, uma característica de sua família. Também disse que ela deveria se cuidar melhor: dormir nos horários corretos, alimentar-se de maneira mais regular e parar com as bebidas alcoólicas. Você não sabe se CVJ usa contraceptivos, ou se pode estar grávida. Mas com a mãe ao lado, não sabe se deve perguntar...

Estude os critérios para o diagnóstico de enxaqueca. Qual sintoma não foi relatado pela paciente?
Quando devemos considerar que um quadro de cefaléia não é tensional, e sim uma enxaqueca?
Apesar dos vômitos e sintomas neurológicos como escotomas cintilantes, porque não estamos preocupados com uma lesão expansiva?
Você precisa saber se CVJ utiliza anticoncepcionais orais (ACO). Se por um lado a cefaléia é comum nos três primeiros meses de gravidez, por outro os ACOs podem desencadear enxaqueca. A mãe está ao lado dela, e você não sabe se elas conversam sobre este assunto. Como resolver este problema?
Na consulta de CVJ, várias perguntas foram feitas para afastar causas de cefaléia. Identifique pelo menos cinco perguntas, e tente descobrir que doenças o médico estava investigando.